Arquivo para 16 de abril de 2010

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Biblioteca oferece leitura, cultura e recreação

Crédito da Foto: http://www.bahianoticias.com.br/noticias/noticia/2009/07/05/43000,biblioteca-monteiro-lobato-sera-reinaugurada.html

Matéria publicada no jornal A Tarde no caderno Fim de Semana, na página 2 do dia 16 de Abril de 2010.

 

Biblioteca oferece leitura, cultura e recreação

 

Mariana Carneiro

 

Os 60 anos da Biblioteca Infantil Monteiro Lobato (BIML), comemorados no domingo em referência à data de nascimento do escritor, são um bom pretexto para levar as crianças a conhecer o espaço, que oferece atividades de leitura, cultura e recreação também nos fins de semana. É um lugar agradável para um passeio de família.

Aos domingos, há apresentação de grupo de chorinho do lado de fora, na praça, o que vem sendo alvo de reclamação dos que preferem o silêncio para ler e também de quem acaba tendo dificuldades para estacionar.

A BIML serve tanto ao público dos pequeninos, que pode se entreter com livros, gibis, mesinhas para desenhar, velotrol, fantoches e outros brinquedos, quanto ao infanto-juvenil, que conta com uma área separada para a leitura, mesas de futebol de botão e tabuleiro gigante de xadrez. Tudo é muito simples e agradável. A biblioteca costuma convidar arte-educadores e artistas para sessões de teatro e recreação infantil, mas convém telefonar antes o que foi anunciado, porque, eventualmente, há mudanças ou cancelamentos.

Encontro com escritores, apresentações teatrais, oficinas literárias, clubes de leitura, atividades artesanais, exibição de vídeos, saraus poéticos, concursos, lançamentos e empréstimos de livros são algumas das atrações oferecidas. O acervo da instituição tem cerca de 25 mil livros e mil gibis.

16
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A Alice de Tim Burton

Matéria publicada na Revista Isto É

Fonte:http://www.istoe.com.br/reportagens/60202_A+ALICE+DE+TIM+BURTON

A Alice de Tim Burton

O filme “Alice no País das Maravilhas” faz uma extravagante adaptação do livro de Lewis Carroll e se transforma no novo fenômeno do cinema americano

Ivan Claudio

 

MUNDO ARTIFICIAL


A atriz Mia Wasikowska no papel de Alice e o Coelho Branco, sempre preocupado com as horas: cenas filmadas em estúdio verde e preenchidas depois com cenários e personagens digitalizados

A era do blockbuster é relativamente recente: ganhou impulso no início dos anos 80, quando o aparecimento de “Guerra nas Estrelas” provocou uma mudança no marketing dos estúdios. Todos os 40 filmes mais vistos do cinema são produções americanas rodadas a partir dessa época e com uma orientação precisa: atingir espectadores com idade a partir dos 13 anos. Hoje em Hollywood o que se busca são histórias que atraiam todo tipo de público, a começar pelos pré-adolescentes – e, se possível, pelas crianças. O mais novo fenômeno do gênero é “Alice no País das Maravilhas”, que deveria se chamar “Alice de Tim Burton”, tamanha a força da assinatura imprimida pelo diretor americano em sua adaptação da obra do escritor inglês Lewis Carroll. Com apenas duas semanas de exibição nos EUA (e obviamente em primeiro lugar nas bilheterias), a superprodução em 3D soma rendimentos de US$ 270 milhões, ou seja, já saldou em casa o seu orçamento de US$ 250 milhões. Seu faturamento cresce em ritmo incrivelmente maior do que o visto em “Avatar”, que no mesmo período (a semana do Natal) ainda estava na casa dos US$ 200 milhões.

“Alice” custou US$ 250 milhões e faturou em duas semanas US$ 270 milhões nos EUA. É mais que “Avatar”

Com estreia no Brasil antecipada para o feriado do dia 21 de abril, “Alice” gerou uma onda de consumo que já repercute por aqui. Aproveitando-se do sucesso, três editoras (CosacNaify, Zahar e Salamandra) lançaram recentemente edições atualizadas do livro, algumas delas trazendo também a continuação da aventura da personagem – “Através do Espelho e o que Alice Encontrou Lá”. Esses relançamentos de um clássico do século XIX vêm competindo com pesos-pesados como Dan Brown e Stephenie Meyer na lista dos mais vendidos das principais livrarias. A edição da Zahar, por exemplo, já está na segunda tiragem de 40 mil exemplares e a CosacNaify esgotou a primeira edição de dez mil livros. O problema de produções massivas como “Alice” é que, para satisfazer a uma audiência tão vasta, precisam se tornar mais acessíveis. No caso, a habitual inventividade de Burton não foi suficiente para manter viva a narrativa anárquica e bastante crítica da “lógica adulta” contida no original. Dizer que a “Alice de Tim Burton” é inofensiva não significa que ela seja inteiramente decepcionante. Está lá, com toda graça e extravagância visual, a completa galeria de personagens absurdos que a garotinha encontra ao visitar o mundo subterrâneo, depois de cair na toca de um coelho branco vestido a caráter: a rainha que vive pedindo a cabeça de seus súditos por motivos irrelevantes, o chapeleiro maluco às voltas com enigmas como “por que um corvo é igual a uma escrivaninha?” ou a arrogante lagarta azul que solta baforadas enquanto descansa em cima de cogumelos, fumando um narguilé. Cultuado pelos surrealistas como precursor da “arte do inconsciente”, esse enredo perdeu um pouco de sua vitalidade e subversão justamente por assumir, nas telas, uma linha muito explicativa.

 

PSICODELIA

Depp como o Chapeleiro Maluco: passos de Michael Jackson

A primeira mudança que afeta em cheio o lado inconformista da história foi a decisão de recontá-la do ponto de vista de uma Alice adulta (Mia Wasikowska) que retorna ao “país das maravilhas” atraída pelo mesmo coelho de casaca. Essa é a saída que a jovem encontra para se livrar de um pedido de casamento de um lorde pelo qual não tinha a menor atração – e que somava ao seu perfil afetado um incontornável problema estomacal. Na nova adaptação, a disparatada sequência de acontecimentos do livro foi ordenada, perdendo assim o seu engraçado encadeamento de absurdos. De outro lado, existem qualidades que merecem ser ressaltadas e que não estariam ausentes de um trabalho de Burton, autor de obras ousadas como “A Fantástica Fábrica de Chocolate” e “O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet” . Na relação de atrativos que valem o ingresso, o primeiro a despontar é o delirante visual. Cerca de 90% do filme é resultado de computação gráfica, num total de 2.500 planos (pedaços de cena) de efeitos digitais. Tirando os personagens de carne e osso, como Alice, o Chapeleiro Maluco, o Valete de Copas, a Rainha Vermelha e sua irmã, a Rainha Branca, todos os bichos falantes foram criados em computador – e alguns deles são um grande avanço na técnica, a exemplo dos sapos da corte da Rainha Vermelha. Como esses personagens foram acrescentados posteriormente no filme, os atores tiveram que contracenar com objetos – ou, no máximo, diante de pessoas totalmente pintadas de verde.

Tão verdes que ficavam fluorescentes ao ser iluminadas com os potentes holofotes. Essa técnica de filmagem combina com o clima psicodélico do filme, mas não é proposital. Trata-se de um artifício comum em edição digital. Na pós-produção, tudo o que é pintado com essa cor (fundo, pessoas, objetos) é apagado e serve de receptáculo para sobreposições de imagens sintéticas, caso de bichos feitos em CGI (computer generated images) e paisagens artificiais. A produção abusou tanto da técnica que a exposição seguida do elenco e dos técnicos ao ambiente “cítrico” causou letargia e mal-estar. O diretor Tim Burton, por exemplo, recorreu a óculos cor de lavanda para reduzir esse efeito. Johnny Depp usou uma lente verde que realça o jeito extraterrestre de seu personagem, o Chapeleiro Maluco: “Não me incomodava falar meu diálogo andando sobre um trilho de câmera enquanto contracenava com uma fita-crepe. Mas o verde realmente incomoda. No final do dia eu me sentia confuso e desorientado.”

Sempre dedicado aos seus papéis, Depp ficou intrigado com um recorrente comentário irônico do Chapeleiro, que volta e meia dizia: “Ando investigando coisas que começam com a letra M.” Ao pesquisar a expressão inglesa “maluco como um chapeleiro”, ele descobriu que os fabricantes de chapéus realmente tinham a mente perturbada pelo mercúrio existente na cola para feltros. Sofriam um tipo de envenenamento. Ator preferido de Tim Burton, com quem já trabalhou em sete filmes, Depp é outra das razões para conferir “Alice no País das Maravilhas”. Ao rodar “Piratas do Caribe”, ele disse que se inspirou no roqueiro Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, sobre quem está fazendo um documentário. A inspiração continua nesse novo personagem, que ganhou outra referência: o cantor Michael Jackson. Quase no final do filme, Depp dança um passo apelidado de “funderwhack”, que lembra o “moonwalk” do cantor americano. Não se trata de uma citação gratuita: pesa sobre Lewis Carroll a mesma suspeita de pedofilia que pesava sobre Michael Jackson. 

 

Sempre dedicado aos seus papéis, Depp ficou intrigado com um recorrente comentário irônico do Chapeleiro, que volta e meia dizia: “Ando investigando coisas que começam com a letra M.” Ao pesquisar a expressão inglesa “maluco como um chapeleiro”, ele descobriu que os fabricantes de chapéus realmente tinham a mente perturbada pelo mercúrio existente na cola para feltros. Sofriam um tipo de envenenamento. Ator preferido de Tim Burton, com quem já trabalhou em sete filmes, Depp é outra das razões para conferir “Alice no País das Maravilhas”. Ao rodar “Piratas do Caribe”, ele disse que se inspirou no roqueiro Keith Richards, guitarrista dos Rolling Stones, sobre quem está fazendo um documentário. A inspiração continua nesse novo personagem, que ganhou outra referência: o cantor Michael Jackson. Quase no final do filme, Depp dança um passo apelidado de “funderwhack”, que lembra o “moonwalk” do cantor americano. Não se trata de uma citação gratuita: pesa sobre Lewis Carroll a mesma suspeita de pedofilia que pesava sobre Michael Jackson. 

 

 

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Revisitando Alice

Matéria publicada no jornal A Tarde no caderno 2 do dia 28 de novembro de 2009, na capa do caderno e nas páginas 4 e 5.

Revisitando Alice

Clássico Cosac Naify uniu a genialidade da obra de Lewis Carroll à ousadia do artista multimídia Luiz Pierre Zerbini.

Cássia Candra

“De que serve um livro sem figuras nem diálogos?” O primeiro questionamento de Alice, protagonista do clássico de Lewis Carroll, “Alice no País das Maravilhas”, é levado a série na nova edição da obra no Brasil, que a editora Cosac Naify coloca hoje nas livrarias do País em duas versões.

Em forma de pop ups, as ilustrações teatrais criadas pelo artista multimídia Luiz Zerbini quase saltam das páginas do livro, acrescentando mais ludicidade à abundância visual da história que há quase 150 anos arrebata leitores de todas as idades.

Construídas com cartas de baralho para interpretar, em jogos de luz e sombra, o universo imagético de uma menina em sua aventura non sense, as maquetes do artista paulistano são “um deslumbramento para os olhos”, na opinião da doutora em lingüística e semiologia, Ana Maria Machado, que assina um dos textos da nova edição.

“A identificação foi total”, diz Zervini, em entrevista ao Caderno 2+. O artista que chegou a pensar em declinar do convite da editora, resolveu que melhor seria responder uma ousadia com outra ainda maior, e até cogita “fazer uma exposição só sobre Alice”, a partir de uma “interpretação livre da história e seus desdobramentos”.

Para o historiador Nicolau Sevcenko, que fez a tradução integral do original de 1865, Zerbini se saiu bem com sua “poesia visual”, delicada, onírica e “estranhamente desconcertante”. Também enredado nos instigantes jogos de Carroll (em seu caso, gramaticais e semânticos), o tradutor considera que em uma história com tamanha força visual, ilustrações e ilustradores são elementos “decisivos do livro”.

Desde o inglês John Tenniel, que ilustrou a primeira edição muitos artistas já interpretaram plasticamente a história. O mais famoso foi o surrealista Salvador Dali, em 1966. a nova versão do clássico já revertido para o teatro, a dança, a música e as HQs, chega às vésperas de mais uma superprodução para o cinema, desta vez desafiando o diretor Tim Burton.

Clássico “Alice no País das Maravilhas”, é considerada uma obra provocante, rica em referências e signos.

História instiga estudiosos e criadores de várias linguagens

Cássia Candra

Citando Santo Agostinho em “O prazer do texto” (perspectiva, 2002), uma de suas obras mais conhecidas, o semiólogo francês Roland Barthes, afirma que o signo é “uma coisa que, além da espécie ingerida pelos sentidos, faz vir ao pensamento, por si mesma, qualquer outra coisa”.

Este era o deleite de Lewis Carroll (1832 – 1898), nascido Charles Lutwidge Dodgson, que em sua obra-prima “Alice no País das Maravilhas”, dialoga eloquentemente com seus leitores, articulando signos verbais, sensoriais e plásticos.

“É através do uso da linguagem verbal que Carroll retrata seu imaginário excepcional, evocando uma confluência entre palavras, sentidos e o imaginário do leitor”, pontua Fernanda Donato, em sua dissertação de mestrado em Ciência da Arte pela Universidade Federal Fluminense, “Alice no Universo da Percepção Visual: uma leitura semiológica de Alice in Wonderland de Lewis Carroll”. Fernanda, que atualmente é professora da Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, afirma, em sua pesquisa, que o escritor inglês se serve das palavras como peças de quebra-cabeça. Para ela, Carroll, que era professor de matemática na Universidade de Oxford, fazia da literatura “um meio de entretenimento associada ao livre prazer de construção e desconstrução de ideias e imagens oriundas de seu imaginário fértil”.

Quem mais poderia criar uma situação na qual uma menina cresce tanto que não consegue ver mais os próprios pés e até planeja enviar-lhes um par de botas de presente pelo correio? “Estranhissérrimo”, diria a protagonista da imaginação deslumbrante de Carroll.

Jogos gramaticais

Absolutamente fascinado, o historiador Nicolau Sevcenko, aceitou a provocação ao traduzir a obra original de 1865, além de todos os poemas do autor, para a mais recente edição brasileira, que a editora Cosac Naify lança hoje em todo o País.

Professor da USP e da Universidade de Harvard (EUA), a ele coube resolver a equação literária de Lewis Carroll. “Encarar os jogos gramaticais, semânticos, contextuais, poéticos, filosóficos, estéticos e éticos das poesias e canções do livro foi um desafio enorme”, reconhece.

“As maravilhas do mundo de Alice acontecem por meio da linguagem”, enfatiza a professora Fernanda Donato em sua pesquisa sobre o clássico, sublinhando os recursos inesgotáveis que o autor apresenta, conscientemente. Ela questiona se Carroll – fotógrafo, matemático e pensador de lógica -, “seria capaz de estabelecer um limite para a sua escrita, não permitindo que extrapolasse para os demais campos de seu domínio?”

Carroll dialoga eloquentemente com seus leitores, articulando signos verbais, sensoriais e plásticos.

 

Outras linguagens

O artista visual Victor Venas pensa que o valor da obra de Carroll, como representação artística de uma época, se dimensiona no momento em que estabelece uma possibilidade de diálogo com outras linguagens.

“Alice no País das Maravilhas” “é um marco. Várias obras usam, direta ou indiretamente suas referências”, observa. Ele cita “A Viagem de Chihiro”, de Hayao Miyazaki, Oscar de melhor animação em 2003, e “Matrix”. Na ficção de Andy Wachowski e Larry Wachowski, há uma referência direta, quando Morpheus pergunta ao protagonista, Thomas Anderson (Keanu Reeves): “Está se sentindo como Alice, não?”

Andréa Elia, que montou e dirige o espetáculo infantil “Alice no Sertão das Maravilhas”, em cartaz até amanhã, no Teatro Módulo, diz com propriedade que “a obra de Carroll é inspiração para outras abordagens artísticas”. Para ela, “esta certamente é uma história que poder ser encenada, musicada, dançada…”.

Além do que, se trata de uma “viagem psicodélica com abertura para muitas adaptações”, comenta. Ela mesma transpôs o universo da Inglaterra Vitoriana para uma realidade mais próxima do público baiano. Assim, em sua adaptação para o teatro infantil, a Rainha de Copas virou cangaceira, e o gato e o coelho se transformaram em um bode e em um tatu. “A nossa Alice percorre este cenário, e com ela mantivemos nosso encantamento”, conta a diretora.

Para Venas, que também é arte educador, as sessões semanais do desenho animado de Walt Disney o levam a redescobrir os enigmas da mensagem contundente do clássico, que ele usa como referência em sala de aula. “Alice vive um rito de passagem, ela se transforma. É como se dissesse: ‘Questione’. É um livro que não tem idade. É pura filosofia”, conclui.

O tradutor Nicolau Sevcenko reconhece o desafio enorme que foi resolver a equação literária de Lewis Carroll

 

Curiosidades

Tradução Monteiro Lobato, autor da coleção “Sítio do Pica-Pau Amarelo”, foi responsável pela tradução da edição brasileira publicada em 1960.

Cinema A obra vem sendo adaptada desde 1903, época do cinema mudo, o próximo lançamento tem a direção de Tim Burton.

Artes Dentre os muitos artistas que já interpretaram plasticamente a história de “Alice no País das Maravilhas”, o mais famoso foi o surrealista Salvador Dali, em 1966 e que não tem publicação no Brasil.

Entrevista

Luiz Zerbini, artista multimídia

Acho que meus desenhos só servem para minhas histórias

Luiz Pierre Zerbini, 50 anos, é o que se pode chamar de um sujeito dinâmico. Concedeu a entrevista por e-mail, da ponte aérea, entre o Rio de Janeiro, sua morada desde 1980, e São Paulo, cidade natal, onde monta atualmente uma nova exposição. Há inúmeras outras em sua trajetória, iniciado aos quatro anos de idade com aulas de pintura (depois estudou fotografia e aquarela). Já passou por vários salões e bienais importantes, como as de São Paulo e Havana e participou de outros projetos interessantes, como o grupo de teatro Asdrúbal Trouxe o Trombone, junto com a atriz Regina Case, fazendo cenografia.

Artista multimídia e um grande experimentalista, Zerbini é o criador do grupo Chelpa Ferro, que associa imagem e som, redefinindo significados para antigos equipamentos eletrônicos. O convite de Cosac Naify, para ilustrar a nova edição brasileira do clássico “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, o levou a uma experiência única, por meio da qual experimentou uma interpretação plástica sem precedentes em sua carreira. É sobre isso que ele fala nesta entrevista à repórter Cássia Candra.

Você já havia pensado em ilustrar a obra?

Nunca. Sempre achei que o texto continha uma quantidade de informação, detalhes, cenários e personagens que seria impossível e desnecessário ilustrá-lo. Não dá pra competir com a profusão de imagens contidas numa única frase do livro. Ilustrações imaginárias são mais ágeis e sujeitas às metamorfoses que o livro passa. Elas parecem mais compatíveis com a idéia do autor, mas esse não era o desejo da Alice e temos que respeitar o desejo dela.

Sempre achei que o texto continha uma quantidade de informação que seria impossível ilustrá-lo.

Como surgiu o convite?

Eu imagino que a editora deve ter pensado “só um maluco aceitara um trabalho como esse”, logo pensaram em mim. Mesmo assim, meu primeiro impulso foi o de recusar o convite. Por outro lado, sempre senti uma atração pela Rainha de Copas e seu exército de cartas. Foi por onde eu comecei imaginando que poderia construir personagens de carta de baralho. Pensei também numa frase de Alice no começo do livro, em que ela diz como pode existir um livro sem ilustrações e imaginei que hoje em dia ela diria como pode existir um livro com ilustrações ilustrativas e isso me fez pensar no livro sem ilustrações literais. Pensei em ilustrações que contassem uma história paralela.

Qual o significado do projeto?

Acho que fiz um dos meus melhores trabalhos. Não sou um ilustrador e nunca havia ilustrado nenhum livro antes. Acho que meus desenhos só servem para ilustrar minhas próprias histórias. Talvez, por isso, tenha escolhido construir um país das maravilhas com cartas de baralho.

Imagino que a editora deve ter pensando “só um maluco aceitaria um trabalho como esse”

O que o levou a interpretação desse elemento?

Quando acabei de fazer o exército de cartas e a Rainha de Copas, vi que poderia construir tudo a partir de cartas. Precisava de alguma coisa que desse unidade visual.

Nicolau Sevcenko disse que seu trabalho está à altura da energia alucinante do livro…

Me sinto naturalmente imerso em uma energia alucinatória. Tenho muita facilidade em falar com insetos, plantas e objetos em geral, isso facilitou. A identificação foi total.

Adaptação de Tim Burton no cinema nacional só em Abril de 2010

Lucas Cunha

Os fãs brasileiros de Alice serão um dos últimos países a receber a aguardada versão dirigida por Tim Burton que chega no início de março de 2010 à maioria dos mercados, mas só aporta nos cinemas do Brasil em 23 de abril.

A razão das expectativas vem da possibilidade da junção de dois autores consagrados justamente por construírem obras supostamente para um público infanto-juvenil cheias de mensagem subliminares e estilo nonsense.

Apesar de Alice já ter sido adaptado para o cinema algumas vezes, a mais notória delas para a Disney em 1951, a versão de Tim Burton tem tudo para ser a versão mais marcante, o que já pode ser conferido pelo trailer que está na internet.

Segundo o diretor, o livro de Lewis Carroll sempre lhe fascinou, não apenas pela história, mas por trazer muita informação e músicas. Completa ainda que “nenhuma versão filmada até agora tinha um apelo para mim”, o que deve resultar em algo único.

Para criar uma história diferente, Burton diz ter pego trechos dos livros de Carroll para montar a sua versão, sem se preocupar em seguir fielmente algum livro ou ainda de partir de algum lugar que ainda não tenha sido abordados em outras versões. Burton disse em uma entrevista no Comic Som, este ano, que se baseia em uma “viagem interna”.

“Estes personagens representam as coisas dentro da psique humana. Eu acho que toda criança tem seus problemas, assim como os adultos têm. Alguns tentam terapia, outros vão fazer filmes, existem diferentes maneiras de tentar superar seus problemas”.

Visualmente, as primeiras imagens divulgadas do filme de Burton também impressionam. Outra expectativa é pelo 3D nessa versão, o que ainda deve resultar em uma experiência ainda mais psicodélica. “Hoje temos muitas técnicas diferentes de se fazer um filme e eu queria misturá-las para fazer algo novo. O 3D mudou muito”.

Alice traz no elenco o eterno companheiro de Burton, Johnny Depp, como o chapeleiro maluco. Alice será feita pela pouco conhecida atriz Mia Wasikowska. Alice Hathaway também participa como a Rainha Vermelha.

16
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L. J. Smith

Lisa Jane Smith ficou conhecida no mundo literário pela abreviação do seu nome, L. J. Smith. Americana que hoje reside na Califórnia, a escritora publicou livros que estão classificados conforme o mercado editorial como destinado a jovens e adultos. Suas tramas envolvem um misto de gêneros, dentre eles o terror, ficção científica, romance e fantasia. A série de seus livros mais famosa no Brasil e no mundo é “Diários do Vampiro”, composta de dez volumes que inspirou a série de TV, The Vampire Diaries.

Fã declarada de C. S. Lewis e de J. R. R. Tolkien, declarou se inspirar nesses autores para a luta entre o bem e o mal, a luta entre a luz e a sombra, presente nos seus livros.

Alguns de seus livros:

– The Night of the Solstice
– Heart of Valor

Séries
Night World
Secret Vampire
Daughters of Darkness
Spellbinder/Enchantress
Dark Angel
The Chosen
Soulmate
Huntress
Black Dawn
Witchlight
Strange Fate (6 de Abril, 2010)
The Vampire Diaries

Trilogias

The Secret Circle
The Initiation
The Captive
The Power
The Forbidden Game
The Hunter
The Chase
The Kill
Dark Visions
The Strange Power
The Possessed
The Passion




Melissa Rocha

Jornalista apaixonada por cachorros e literatura, principalmente o gênero infanto-juvenil. Torcedora (e sofredora) do Palmeiras e Bahia. Fã de Drew Barrymore, Dakota Fanning, Anthony Kiedis e Red Hot Chili Peppers, All Star e Havaianas.

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