Arquivo para 20 de abril de 2010

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Tolkien e sua Mitologia no canal History Channel

Crédito da foto: http://bilbohobbit.com/wp-content/uploads/2008/09/tolkien14.jpg

 

Tolkien e sua Mitologia no canal History Channel

 

O canal pago History Channel vai exibir, dentro do programa “Confronto dos Deuses”, no dia 24 deste mês às 22 horas, um episódio que interessa muito a nós leitores, “A Mitologia de Tolkien”. O episódio abordará a criação de obras do escritor inglês J. R. R. Tolkien, como “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis” e exibirá também o desejo do escritor de criar uma mitologia para a Inglaterra.

 

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Em fase de crescimento

Matéria publicada no jornal A Tarde no Caderno 2, no dia 03 de Abril de 2010. Matéria na capa e nas páginas 4 e 5.

 

Em fase de crescimento

 

Infanto juvenil Incerteza e descaminhos marcam a literatura feita para crianças e adolescentes, 200 anos depois de Hans Christian Andersen inaugurar o gênero.

 

Emanuella Sombra

A infância pobre deu ao escritor dinamarquês Hans Christian Andersen a oportunidade de falar sobre os contrastes da sociedade em que vivia. Sua primeira obra infantil, lançada entre os anos de 1835 e 1842, foram seis volumes de contos para crianças, público que ele acolheu até 1872. Foram 156 histórias, confrontos entre poderosos e desprotegidos, fortes e fracos, ricos e pobres. Algumas se tornaram célebres, como “Soldadinho de Chumbo”, “A Pequena Sereia” e “Os Sapatinhos Vermelhos”.

“A partir de Andersen se criou um novo espaço de produção, escrever para criança, ter um mercado específico para este público, afirma Regina Dalcastagré, especialista em narrativa brasileira contemporânea e professora da Universidade de Brasília (UnB). Passados mais de 200 anos de seu nascimento, falar em literatura infanto-juvenil no Brasil é tratar de um público leitor expressivo e de um mercado que, embora em crescimento, ainda é restrito.

Mesmo correspondendo à faixa etária que mais lê, crianças e adolescentes têm acesso a poucos títulos adequados a sua idade. Seja a contos de fadas reeditados, clássicos adaptados para uma linguagem específica ou romances contemporâneos. A qualidade do que é lido oscila, e os personagens representadas não respeitam a diversidade dos leitores. “Por outro lado, as paródias dos filmes e até de outros livros vêm contribuindo para que as crianças conheçam os clássicos, e isso é positivo”.

 

 

Literatura

 

Mercado Quantidade e qualidade ainda são problemas do gênero infanto-juvenil.

 

Poucos livros para enorme público consumidor

 

Emanuella Sombra

 

Muito antes de as brasileiras Lygia Bojuga e Ana Maria Machado ganharem o prêmio Hans Christian Andersen de literatura, considerado o Nobel na categoria infanto-juvenil, nascia o escritor homenageado. Mais precisamente, no dia 2 de abril de 1805. considerado por muitos o precursor de uma linguagem direcionada para crianças e adolescentes, o autor de “O Patinho Feio” e “A roupa nova do imperador” inaugurou um gênero. Mais que isso, uma data.

Por causa de Christian Andersen, 2 de abril tornou-se o Dia Internacional do Livro Infanto-Juvenil. Coincidência ou não, é na primeira fase da vida que o leitor brasileiro mais se dedica às páginas de ficção. Última pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro, “Retratos de leitura no Brasil”, revela que 50% dos considerados leitores – entrevistados que disseram ter lido pelo menos uma obra nos últimos três meses – estão em idade escolar.

Mais que isso: leram títulos indicados pelo professor e tem em Monteiro Lobato o escritor mais admirado, à frente de nomes como Graciliano Ramos, Luís Fernando Veríssimo e Clarisse Lispector. O resultado da pesquisa supõe um mercado editorial que atende a este público, tanto em variedade como em qualidade dos lançamentos. Mas os números dizem o contrário. Nas prateleiras das livrarias e lojas virtuais, livros para crianças e adolescentes são uma minoria.

 

De um total de 51 mil títulos lançados no País, apenas 6 mil eram destinadas ao público infanto-juvenil

 

Poucos títulos

 

Outra pesquisa, encomendada pela Câmara Brasileira do Livro à Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), reserva à literatura infanto-juvenil uma fatia modesta no universo de títulos lançados no mercado. De acordo com “Produção e venda no setor editorial brasileiro”, publicada em 2009, apenas 12,5 da distribuição de obras do ano anterior correspondiam às literaturas infantil ou juvenil. Significa dizer que, de um total de 51 mil títulos, apenas 6 mil eram infanto-juvenis. “Nos últimos dez anos o crescimento do mercado editorial infanto-juvenil é inegável. O governo começou a comprar literatura assim como já vinha fazendo com os didáticos”, contraria Ceciliany Alves, editora de literatura e projetos especiais da FTD. De fato, ela tem razão. Mesmo pequeno, o percentual de publicações do gênero cresceu 23% entre os anos de 2007 e 2008. somente a FTD entra com aproximadamente 50 títulos lançados por ano, 70% deles escritos por autores nacionais.

 

Leitora de “novidades” como “Harry Potter” e de clássicos como Andersen, Tatiana Belinky defende a escolha pela qualidade

 

Segundo a editora, paralelo aos best sellers, clássicos continuam tendo boa aceitação. “Se as crianças ficam numa fila para comprar “Harry Potter” (da escritora J. K. Rowling), isso é fruto de um mercado editorial, de um processo de formação que se desenvolve na escola”. O selo “Grandes Clássicos para jovens leitores”, lançado pela FTD este ano, reflete sua opinião. “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, e “O Mágico de Oz”, de L. Frank Baum, são dois dos lançamentos.

 

Sem diversidade

 

Diante de um público de leitores em formação expressivo, resta a pergunta: o que eles estão lendo? Resultado de uma tese de mestrado da Universidade de Brasileira (UnB), um estudo avaliou que tipo de romances infanto-juvenis são escolhidos pelo governo federal para habitar as bibliotecas das escolas públicas.

O resultado coincidiu em suspeitas anteriores. Apesar de bons títulos selecionados, os livros não respeitam a diversidade sociocultural do País.

Especialista em narrativa brasileira contemporânea e professora da UnB, Regina Dalcastagné considera que, mesmo nos clássicos da literatura nacional, passagens com afirmações preconceituosas e relações do gênero “complicados” põe em xeque a utilidade pedagógica das narrativas. “Em Monteiro Lobato, por exemplo, a Tia Anastácia é apresentada como ‘negra de estimação’. A Emília faz uma apresentação dela em que a coloca como uma negra de alma branca”.

 

 

Racismo

 

Para a pesquisadora, ícones da literatura mundial também reproduzem visões de mundo preconceituosas. “Alguns livros legitimam comportamentos que não são positivos para ninguém, e a criança pode não perceber isso. Hoje mesmo eu estava lendo “Timtim” (série de quadrinhos do belga Georges Prosper Remi) com meu filho e há um episódio em que o protagonista vai ao Congo. Lá ele é tido como Deus, enquanto os nativos são burros, abobalhados. É muito racista”.

Leitora de “novidades” como o próprio “Harry Potter” e amante de clássicos como Andersen, aos 91 anos, a escritora Tatiana Belinky defende a escolha pela qualidade, independentemente da pedagogia utilizada. “Há muita coisa boa no mercado e há muita coisa medíocre. Gosto daqueles que têm senso de humor, ética, emoção, que estimulam não só a leitura, mas o pensamento”. Nascida na Rússia, veio para o Brasil aos dez anos, onde escreveu os clássicos “Coral dos Bichos” e “Limeriques”.

Aqui, passou a admirar escritores como José de Alencar e Machado de Assis, mas critica o emprego destes na idade escolar. Também aqueles que reduzem o vocabulário e simplificam as idéias ao falar com os pequenos. “Quando o livro quer ser muito infanto-juvenil ele se prejudica, nivela por baixo. Ou quando é didático demais, moralista. Literatura e poesia são formas de liberdade, não foram feitas para educar. Dar possibilidade à criança, expor ela aos livros, é a melhor opção.

 

Séculos V ao XV

 

Violência e ensinamentos edificantes

 

A Idade Média é marcada por valores baseados na hierarquia social. A lei do mais forte e a transmissão de ensinamentos edificantes são retratados nos contos de fadas, em que a violência com mulheres e crianças é constante. Coleção de lendas originárias do Oriente Médio e do Sul da Ásia, “As Mil e Umas Noites” é narrada a partir da rainha Sherazade, que, para não ser morta, a cada noite conta uma história maravilhosa ao rei Xariar, que, costumava matar suas noivas após desposá-las.

 

 

Séculos XV e XVI

 

Um pequeno adulto

 

É durante o Renascimento que a produção de valores da nova classe dominante, a burguesia, ganha força. A visão de mundo deixa de ser teocêntrica (a religião como centro) e as narrativas das antigas tradições orais são reescritas e adaptadas com intenções pedagógicas. A criança é concebida como um adulto em miniatura, é afastada do convívio familiar e introduzida nos colégios. Em seus “Ensaios”, Montaigne analisa as instituições, as opiniões e os costumes de época.

 

 

Séculos XVII e XVIII

 

A infância é um valor

 

No fim do século XVII se efetiva uma produção literária com características infanto-juvenis. A infância é valorizada e a criança é vista como um bem precioso. A literatura prepara os jovens para o convívio social e lhes proporciona valores éticos e intelectuais. As “Fábulas de La Fontaine” – carregadas de ironia e ensinamentos morais – contam histórias de animais a partir de uma linguagem simples e atraente. “As aventuras de Robinson Crusoé”, de Daniel Defoe, simboliza a luta do homem contra a natureza: Crusoé é um náufrago que passa 28 anos sozinho até encontrar a personagem Sexta-Feira.

 

 

Século XIX

 

Mais humano

 

A linha fantástico maravilhosa produz narrativas de fundo folclórico e surrealista por meio de livros como “Alice no País das Maravilhas” e “Alice através do espelho”, de Lewis Carroll. Os contos dos Irmãos Grimm” dão um sentido mais humanitário e menos violento às histórias da época medieval, transmitindo sempre uma “moral da história”. Os princípios da fraternidade e da generosidade humana são destacados por Hans Christian Andersen, pioneiro no texto adaptado para crianças.

 

 

Século XX

 

Desafiando convenções

 

A produção infanto-juvenil reencontra as fábulas em clássicos como “O Pequeno Príncipe”, de Antoine de Saint- Exupéry, e desafia o estilo de vida burguês, com “O Apanhador no Campo de Centeio”, de J. D. Salinger. O livro chegou a ser acusado de incitar o lado diabólico das pessoas depois que o assassino de John Lennon confessou ter se inspirado na obra para cometer o crime. No Brasil, Monteiro Lobato rompe com as convenções estereotipadas dos livros voltados às crianças.

 

 

Século XXI

 

Em vários volumes

 

Entram em cena os best sellers narrados em vários volumes, como a saga do bruxo “Harry Potter”, da escritora inglesa J. K. Rowling, que preserva os valores de fábulas clássicas, como a coragem e a integridade. Todos os sete volumes são adaptados para o cinema. A romancista Stephenie Meyer, com títulos voltados ao público juvenil, investe num enredo que mistura vampiros, inseguranças da adolescência e amores impossíveis. O primeiro volume, “Crepúsculo”, é a gênese da saga “Twilight”, febre entre adolescentes de todo Ocidente e também adaptada para o cinema.

 

 

Entrevista

 

Leda Cláudia da Silva

 

Personagens são homens broncos de classe média

 

Emanuella Sombra

 

Mestre em literatura infanto-juvenil pela Universidade de Brasília (UnB) e especialista em Literatura Brasileira, Leda Cláudia da Silva concluiu em 2008 um estudo ousado: a partir de 53 títulos, descobrir quem são as personagens dos livros infantis e juvenis escritos por autores nacionais. Mais especificamente, quem são os mocinhos, heróis e bandidos que habitam as obras selecionadas pelo Governo Federal para ocupar as prateleiras das escolas públicas. O resultado foram várias radiografias semelhantes, que resultam num único estereótipo.

 

O que é a sua pesquisa?

 

Inicialmente eu peguei a lista de 300 obras do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), de 2005, e fiz um recorte. Estudei apenas as narrativas literárias brasileiras, especificamente contos produzidos a partir dos anos 70. cheguei a 53 livros e 149 personagens. Meu objetivo era analisar estes personagens.

 

E o que a senhora concluiu?

 

Observei algo que a gente tinha noção mais ainda não havia comprovado em pesquisa: a maioria dos personagens são adultos, homens brancos e de classe média. Coincidentemente, grande parte das obras foi publicada em 2005 (a lista do PNBE foi composta naquele ano para os livros serem adquiridos e distribuídos em 2006). Havia coisas de extrema qualidade no texto e na forma, e coisas muito ruins. De maneira geral, foi uma seleção boa em termos de enredo e tratamento gráfico, mas o personagem tinha um perfil que continua sendo reproduzido, inclusive com relação ao gênero. Os femininos estão num espaço privado, dentro do círculo familiar, das relações amorosas, enquanto os masculinos se envolvem em histórias de aventura e de conquista.

 

A senhora pesquisou o ano de 2005. de lá para cá, é possível dizer se houve mudanças?

 

Eu não saberia dizer. Como todo ano existe uma nova seleção, eles procuram o que há de novo. Há clássicos mas há uma grande quantidade de obras atuais.

 

A partir da sua pesquisa é possível dizer que não há diversidade de personagens. Eles obedecem um padrão social e racial.

 

Proporcionalmente não há, mas é possível encontrar títulos bons como “Amanhecer Esmeralda”, de Ferréz, em que o personagem principal é uma menina negra e pobre. Mas ainda é muito pouco.

 

Em termos de qualidade, o que mais lhe chamou atenção?

 

Monteiro Lobato e Roger Melo (vencedor do prêmio suíço Espace – enfants e do brasileiro Jabuti, em 2002 e indicado ao dinamarquês Hans Christian Andersen deste ano) são os que mais aparecem. O governo está dando uma peneirada muito boa, esta questão das personagens é específica e não se resolve de uma hora para outra. Em se tratando de temática, um livro que achei interessante foi o de Sandra Branco, “Porque meninos tem pés grandes e meninas tem pés pequenos”, que desconstroi estereótipos.

 

Percy Jackson volta sério e divertido

Logo que entreou no cinema, o primeiro capítulo da série “Percy Jackson e os Olimpianos” despertou comparações com “Harry Potter”. O lançamento de “A Batalha do Labirinto”, quarto livro da série, afasta ainda mais as duas obras. Rick Riordan, criador do garoto que descobre que a mitologia grega é real e que seu pai é um deles, é mais direto, sem parecer mecânico. Escreve com agilidade e economia. Sua trama tem mistérios e temas sérios, como em Harry, mas o tratamento é menos carregado. O sarcasmo de Percy e a coleção de seres fantásticos divertem, sem nunca cansar.

 

Suzy Lee lança novo livro sem palavras

É difícil encontrar palavras para falar dos livros de Suzy Lee. Até porque ela não costuma usá-las. Em “Espelho”, que acaba de ser lançado pela Cosac Naify, uma garota descobre as possibilidades lúdicas do seu próprio reflexo. Em páginas espelhadas, a garota dana e faz poses, em um processo sutil de descoberta de si mesma. A descoberta também é um dos temas de sua obra-prima, “Onda”, lançado pela mesma editora, que mostra uma garota brincando à beira-mar. Nos dois livros, Lee extrai de situações cotidianas força e beleza, que envolvem leitor e personagem.

 

O vasto catálogo de Cosac Naify

“Onde vivem os monstros”, de Maurice Sendak, e “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, são dois dos mais de 200 títulos infanto-juvenis da editora, entre autores nacionais e estrangeiros.

7,2% é o percentual da participação de títulos do gênero infanto-juvenil no número de exemplares distribuídos no mercado literário brasileiro de 2008.

6.409 é o número de títulos do gênero lançados em 2008, representando crescimento de 23,3% no segmento editorial para jovens e adolescentes. Em 2007, foram publicados 5.202 títulos.

 

Brigando feito gente grande

No ranking da Veja dos mais vendidos na categoria ficção (atualizado no site da revista no dia 2 de abril), infanto-juvenis competem em pé de igualdade com “adultos”. Rick Riordan aparece em segundo lugar com “O Ladrão de Raios, em quarto, com “O Mar de Monstros”, e em sexto, com “A Batalha do Labirinto”. A autora da saga “Crepúsculo”, Stephenie Meyer aparece em quinto, com “Amanhecer”, e em décimo, com “Eclipse”. Duas edições de “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll, da Zahar e da Cosac Naify, aparecem em nona e décima-nona colocações.

 




Melissa Rocha

Jornalista apaixonada por cachorros e literatura, principalmente o gênero infanto-juvenil. Torcedora (e sofredora) do Palmeiras e Bahia. Fã de Drew Barrymore, Dakota Fanning, Anthony Kiedis e Red Hot Chili Peppers, All Star e Havaianas.

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