Arquivo para março \31\-04:00 2010

31
mar
10

Para quem gosta de ler

Matéria publicada no jornal Correio no Caderno Bazar&Cia, na página 4, no dia 18 de outubro de 2009.

 

Para quem gosta de ler

 

Galeria do Livro investe na seleção de títulos e na ambientação

 

Clara Albuquerque

 

Sabe aqueles títulos que são verdadeiros objetos de desejo: caros, raros e glamourosos? Pois quem está procurando por um (ou vários) pode garimpar na Galeria do Livro. As lojas da livraria baiana, criada há cerca de cinco anos, reúnem um rico acervo com mais de oito mil títulos.

Funcionando originalmente no Shopping Boulevard 161, o espaço nasceu especializado em arte, mas com a boa resposta do público, passou a contemplar outros estilos e ampliou a oferta. Recentemente, o charmoso espaço do Itaigara mudou para o Rio Vermelho e ganhou mais uma unidade no centro da cidade.

Mesmo com tanta variedade, o destaque ainda vai para os títulos nas áreas de design, fotografia, arquitetura, arte, decoração, paisagismo e moda. “Temos os best-sellers, mas nossas prateleiras são recheadas dos chamados long sellers, aqueles bons livros que deixaram de ser lançamento e são mais difíceis de encontrar”, conta Andréa Fiamenghi, proprietária do espaço.

No acervo, coletâneas, edições especiais e limitadas são encontradas na livraria, que também tem seção dedicada a autores baianos e seleção especial de DVDs e CDs. “Temos livros que são verdadeiros artigos de colecionador, mas também temos lançamentos e boas opções para presentear”, diz Andréa.

Na unidade do Rio Vermelho, inaugurada há três meses, os clientes também podem degustar comidinhas no Lucca Cafés Especiais. A livraria ainda dispõe de um espaço para eventos e exposições de artes. A outra loja, aberta há quase um ano, funciona no Espaço Unibanco de Cinema – Glauber Rocha, na Praça Castro Alves. Os dois endereços também oferecem o serviço de encomendas de livros nacionais e importados e entrega em domicílio.

 

Serviço

 

  • Galeria do Livro Espaço Unibanco de Cinema Glauber Rocha.

Praça Castro Alves, Centro.

Tel.: (71) 3012-2314

Segunda à quinta, das 13h às 20h, e sexta a domingo, das 13h às 22h

 

  • Galeria do Livro Rio Vermelho

      Travessa Bartolomeu de Gusmão, Cond. Enseada – Praia da Paciência

      Tel.: (71) 3354-0605

      Segunda a sexta, das 11h às 20h, e sábado, das 10h às 17h

30
mar
10

Coração de Tinta

 

Para as crianças, jovens e adultos que realmente amam a literatura, esse livro é um encanto e uma surpresa. Trata-se da uma história em que a autora brinca com a literatura, afinal é a literatura dentro da literatura. A autora alemã Cornelia Funke, dá vida a personagens complexos, enigmáticos e inesquecíveis. Ela brinca com as palavras e revive às lembranças dos leitores mais velhos, haja vista que ela faz referências dentro da sua história a grandes obras que marcaram a literatura mundial.

A história transcorre através das páginas de um livro que leva o mesmo nome da obra de Funke. Mo é um médico de livros, um excepcional restaurador de livros que juntamente com sua esposa nutre um amor incondicional pela literatura. Ele possuía o habito de ler em voz alta para a esposa e para a filha ainda bem pequena, Maggie. Entretanto, em uma ocasião ele descobre sem querer que podia dar vida aos personagens dos livros que estivesse lendo. Foi quando uma grande tragédia abateu-se sobre as suas vidas.

Mortimer, mais conhecido como Mo, ao ler um trecho de “Coração de tinta”, livro que conta a história de Mundo de Tinta, traz para o seu mundo três personagens do livro, dois vilões, Capricórnio e Basta e um egnimático saltimbanco, Dedo Empoeirado. Por outro lado, sua esposa, Teresa e os dois gatos do casal entram no livro para ocupar os lugares dos que saíram.

Confusos e resignados, pois queriam voltar para o livro e não sabiam como, eles partem investem contra Mo. Sem conseguirem retornar à história eles fogem da casa de Mo, deixando-o desolado e perplexo, ao perceber que sua esposa desaparecera e fora parar dentro do livro.

Mo, penalizado por ter sido o causador do desaparecimento da sua esposa, prometeu a si mesmo que nunca mais leria histórias em voz alta. Fato este que sempre intrigou sua filha que pedia constantemente a ele para que lesse para ela em voz alta, mas ele sempre recusava e ela nunca entendia o porque.

Sentindo-se culpado pela esposa, ele não desiste. Por 13 longos anos ele tenta de todas as formas trazê-la de volta, lendo e relendo o livro em voz alta, mas sempre longe de Maggie para que nada acontecesse a ela.

Após 12 anos Dedo Empoeirado regressa em busca do livro que guardava a sua casa, sua história e também o seu mundo, a mando de Capricórnio, que o deseja para fins nada bons. Assustado, Mo resolve fugir com Maggie para a casa de Elinor, tia de Teresa, conhecida como a devoradora de livros e detentora de uma biblioteca invejável aos maiores amantes da literatura.

A partir desse encontro as aventuras ao mesmo tempo fantásticas e assustadoras assolam a vida dos protagonistas. Maggie descobre finalmente o que aconteceu com a sua mãe e descobre que herdou o mesmo dom do seu pai. Se tornando uma grande aliada dele na luta para trazer a sua mãe de volta a vida “real”. Até mesmo a taciturna Elinor embarca na aventura perigosa e arriscada para ter sua sobrinha querida de volta e encara com força e coragem, ao lado de Mo e Maggie a difícil missão de salvar o mundo de um dos mais terríveis e malvados vilões que o mundo já conheceu.

Funke ainda destaca através do escritor de “Coração de tinta”, Fenoglio, a dor e o sofrimento de um escritor para realizar a difícil proeza de dar vida a personagens complexos e inesquecíveis e construir um enredo. Além dos segredos que o escritor mantém apenas entre ele e os personagens e que o leitor nunca irá descobrir ou entender.

“Coração de tinta” é aquele livro que você olha por acaso em uma estante de livraria, mas não é por acaso que você se encanta com ele. Uma história eletrizante, interessante e inesquecível. Recomendo para todas as idades.

Não é a toa que a Playarte lançou uma adaptação do livro para o cinema trazendo um grande elenco e produziram um filme também muito legal. Até o cartaz de divulgação do filme é muito bonito.

 

 

30
mar
10

‘Coração de tinta’ retrata personagens fantásticos

Matéria publicada no site G1

Fonte:http://g1.globo.com/Noticias/PopArte/0,,MUL934963-7084,00-CORACAO+DE+TINTA+RETRATA+PERSONAGENS+FANTASTICOS.html

‘Coração de tinta’ retrata personagens fantásticos

Aventura baseia-se no livro homônimo da autora alemã Cornelia Funke.
História mostra dom de trazer para este mundo personagens dos livros.

25/12/08 – 09h08 – Atualizado em 25/12/08 – 09h08

 

Aventura infanto-juvenil de férias com potencial para engajar também adultos em busca de diversão, “Coração de tinta” baseia-se no livro homônimo da autora alemã Cornelia Funke, em torno da fantasia de que algumas pessoas teriam o dom de trazer para este mundo personagens dos livros apenas lendo suas histórias em voz alta. O filme estréia nesta quinta-feira (25) nos cinemas.

 

Brendan Fraser lê histórias em voz alta e traz personagens da literatura para este mundo em ”Coração de tinta, que estréia nesta quinta-feira (25) nos cinemas (Foto: Divulgação)

 

Um desses “línguas encantadas” é o encadernador de livros raros Mortimer Folchart (Brendan Fraser, de “Viagem ao centro da Terra”), pai de Meggie (Eliza Hope Bennett). Desde o misterioso desaparecimento de sua mulher, Resa (Sienna Guillory), ele deixou de lado a leitura em voz alta e procura desesperadamente o livro em que ela entrou, também chamado “Coração de tinta”.

 

Visitando o sebo de uma cidadezinha atrás do livro, Mortimer encontra Dedo Empoeirado (Paul Bettany, de “O código Da Vinci”) – um homem que tem poderes mágicos para controlar o fogo e que foi trazido a este mundo por conta de uma leitura doméstica de Mortimer. Dedo está desesperado para voltar para sua mulher, no reino do livro, mas Mortimer não quer saber de atendê-lo. Refugia-se na casa de sua excêntrica tia-avó, Elinor (Helen Mirren, de “A rainha”), dona de uma esplêndida biblioteca.

 

Mortimer é localizado em seu esconderijo não só por Dedo Empoeirado como por outros seres malignos vindos das páginas do livro. Liderados por Capricórnio (Andy Serkis, o Gollum de “O senhor dos anéis”), os vilões planejam trazer para a terra o mais poderoso ser do mal de sua história, o gigantesco Sombra.

 

 

As aventuras seguintes envolvem a captura e fuga de Mortimer, ajudado por Dedo Empoeirado e Farid (Rafi Gavron), um rapazinho de “As mil e uma noites”. Complicando a situação, Capricórnio descobre que a menina Meggie é também uma “língua encantada”, chantageando-a para usar seu poder ao informá-la de que a mãe dela está em seu poder no seu castelo – onde são prisioneiros os personagens de diversas histórias e lendas, como os macacos voadores de “O mágico de Oz”, o crocodilo de “Peter Pan” e o Minotauro.

 

Enquanto isso, Mortimer, Dedo Empoeirado e Farid localizam na Itália o autor de “Coração de Tinta”, Fenoglio (Jim Broadbent), pedindo sua ajuda para restaurar a ordem das coisas.

 

Este intenso tráfego entre o mundo da realidade e da imaginação requer, como se pode prever, um uso intensivo de efeitos especiais, que são eficientes. O que falta é um ritmo adequado para um maior envolvimento com os personagens, que parecem estar o tempo todo apenas correndo uns dos outros.

 

O diretor inglês Iain Softley, que foi bem na condução do drama de época “Asas do amor”, baseado em livro de Henry James, aqui teve um resultado inferior.

 

(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)

24
mar
10

O rival da Britannica

Entrevista publicada na revista Veja nas páginas amarelas do dia 16 de dezembro de 2009.

 

O rival da Britannica

 

Entrevista Jimmy Wales, feita por Thomaz Favaro

 

O fundador da Wikipédia diz que o objetivo da maior enciclopédia do mundo é tornar-se uma fonte de informações de qualidade na internet

 

A Wikipédia funciona como um livro aberto, de acesso gratuito e escrito pelos próprios leitores. Qualquer pessoa pode alterar, adicionar ou apagar o conteúdo disponível no site. O crescimento da enciclopédia reflete o poder da criação coletiva na internet. A edição em inglês já contém quase 3,1 milhões de verbetes. Há versões em mais de 260 línguas, o que a torna um dos cinco sites mais visitados da rede. O grosso do trabalho é feito pelos wikipedistas, como são conhecidos os colaboradores voluntários da enciclopédia. O americano Jimmy Wales, 43 anos, foi quem a criou, em 2001. Wales diz que o principal objetivo da Wikipédia é superar a rival Enclyclopaedia Britannica, publicada desde o século XVIII e a mais conceituada obra do gênero. “Em algumas áreas do conhecimento, nós já conseguimos essa façanha”, afirma. Wales falou a VEJA do escritório da Wikimedia Foundation, entidade sem fins lucrativos que mantém a enciclopédia no ar, em São Francisco.

 

  • Você recomendaria a Wikipédia como uma obra de referência a estudantes do mundo todo?

 

Sim, desde que sejam tomadas algumas precauções. Primeiro, a Wikipédia é um excelente ponto de partida. É uma enciclopédia abrangente, escrita numa linguagem simples e de fácil acesso. Mas a Wikipédia não é o melhor ponto final para uma pesquisa. É preciso aprofundar a investigação procurando outras fontes de informação. O leitor pode encontrá-las no rodapé dos verbetes, no qual há boas referências sobre o tema, como livros, jornais, revistas e outros sites na internet.

 

  • Quais medidas já foram adotadas para melhorar a qualidade dos artigos e impedir a ação de vândalos?

 

Muitas ferramentas já foram desenvolvidas com esse objetivo. Qualquer mudança feita nos artigos é arquivada, o que permite aos editores reverter rapidamente uma alteração maldosa ou incorreta. Colaboradores podem se encarregar de artigos com os quais têm mais familiaridade e receber notificações imediatas quando seu conteúdo é realizado em grupo, por meio dos wikiprojetos. São voluntários que se reúnem para verificar se todos os artigos de determinado assunto são escritos corretamente e trazem informações verdadeiras. Em geral, são pessoas que se interessam pelo tema e têm conhecimento de causa. Há grupos sobre pássaros, pontes, aviões, sobre praticamente qualquer assunto que você imaginar. Nosso objetivo é criar uma enciclopédia de alta qualidade, igual à Encyclopaedia Britannica ou melhor que ela. É um processo em andamento, e posso dizer que, em algumas áreas, essa meta já foi alcançada. Tradicionalmente, somos fortes em tecnologia, ciências exatas e cultura popular, sobretudo a cultura nerd, como as séries “Guerra nas Estrelas” e “Jornada nas Estrelas”. Estamos tentando atrair mais autores que escrevam sobre temas pouco explorados na Wikipédia, como as ciências humanas em geral. Poesia, por exemplo, é um de nosso pontos fracos.

 

  • Antes de criar a Wikipédia, você havia lançado a Nupedia, uma enciclopédia escrita unicamente por especialistas, como a Britannica. Porque o projeto não deu certo?

 

A Nupedia era construída de cima para baixo. Para participar, o voluntário precisava mostrar suas credenciais e provar que era apto a discorrer sobre o tema. Cada artigo criado passava por um processo de verificação com sete etapas. Além de ser uma grande barreira à participação, o processo não era tão divertido. Na Wikipédia, a motivação encontra um parceiro ideal – a diversão. Temos um objetivo humanitário, que é a criação de uma enciclopédia gratuita para todos os habitantes do planeta em sua própria língua. É uma meta grandiosa, que anima muita gente. O colaborador sabe que seu trabalho vai beneficiar pessoas no mundo todo. É fácil participar, mesmo que em pequenas doses. Se alguém domina um tema em particular, pode contribuir com informações ou corrigir pequenos erros. Uma vez iniciado o processo, as pessoas acabam conhecendo outros editores, gente que está interessada nos mesmos assuntos. Os Wikipedistas discutem sobre o que deve ou não entrar em determinado verbete. Há interação social por trás de cada artigo da Wikipédia.

 

“Queremos ser uma enciclopédia de qualidade, igual à Britannica ou melhor que ela. Em algumas áreas, essa meta já foi alcançada. Somos fortes em tecnologia, ciências exatas e cultura popular. Já poesia é nosso ponto fraco”

 

  • Segundo um estudo da Universidade de Minnesota, nos Estados Unidos, o tempo médio para a correção de um erro na Wikipédia é de doze horas. Como tornar o processo mais ágil?

 

Já está mais rápido. Criamos um software que funciona como um “filtro de ofensas”. É uma ferramenta que permite a identificação automática de edições problemáticas. Isso diminuiu bastante o tempo de resposta no conserto de páginas vandalizadas. O fato de termos colaboradores que praticamente adotam os artigos de seu interesse também ajuda no controle de qualidade.

 

  • O que mais pode ser feito para melhorar a Wikipédia?

 

O passo mais importante que demos nos últimos anos foi o sistema de revisões assinaladas. A idéia é garantir que o público está lendo um verbete que já foi revisado por um membro de confiança da comunidade. Esse sistema foi testado como um projeto piloto na versão alemã da Wikipédia e o resultado foi bastante bom. Estamos próximos de conseguir um acordo com os voluntários da versão da Wikipédia em inglês para implementar um projeto parecido. É o tipo de coisa que estamos sempre fazendo para melhorar o conteúdo da enciclopédia.

 

  • O artigo sobre Jesus Cristo inclui interpretações feitas por cristãos, judeus, muçulmanos, budistas e ateus. É possível conseguir uma visão correta de um tema com base em visões tão díspares?

 

As pessoas podem não concordar sobre tudo, mas ainda assim encontrar formas de contribuir para uma polêmica de maneira que todos saiam satisfeitos com o resultado. A guerra no Iraque é um exemplo. O artigo na Wikipédia não vai dizer se a guerra é uma boa ou má idéia, mas pode deixar claro que é um tema controverso e listar os argumentos tanto de seus críticos quanto de seus partidários. É uma política que chamamos de ponto de vista neutro. Procuramos dar informações para que as pessoas possam formular opiniões por sua própria conta. A maioria dos voluntários entende isso e toma cuidado para não escrever verbetes tendenciosos. Se um tema é tão polêmico que é frequentemente editado, depois de cada alteração a página fica bloqueada temporariamente para que editores mais graduados na comunidade possam chancelar as mudanças. Até agora, essa política de neutralidade vem funcionando muito bem.

 

  • A versão em língua inglesa da Wikipédia tem verbetes sobre todos os personagens do desenho animado Pokémon, mas não sobre todos os presidentes da Argentina. Esse tipo de omissão não afeta a credibilidade da enciclopédia?

 

Essas críticas são válidas, mas não em todos os casos. Numa enciclopédia impressa, com um número limitado de volumes, um verbete extenso sobre um assunto está roubando espaço de outro. Nesse caso, é preciso selecionar bem os temas a ser abordados. Como não é feita de papel, a Wikipédia tem espaço para tudo. As pessoas podem escrever quanto quiserem sobre Pokémon sem que isso impeça que outros escrevam sobre os presidentes da Argentina. Uma vez recebi a reclamação de que o artigo sobre um personagem de cinema era mais extenso que o verbete sobre a China. Acontece que o artigo sobre a China é uma peça central com vários artigos coadjuvantes. No total, é óbvio que a quantidade de informações sobre o país é muito maior.

 

 

  • Há alguns anos, você afirmou que a Wikipédia deveria ter artigos sobre todos os episódios dos Simpsons. Depois mudou de idéia. Porque?

 

Porque descobrimos que o modo Wiki de produzir informação em conjunto tem seus limites. É complicado escrever um bom artigo sem consultar fontes confiáveis, como livros, revistas e jornais. Seria o caso, por exemplo, dos episódios do seriado. Como nosso objetivo é fazer uma enciclopédia de qualidade, é melhor não ter esses verbetes de nível duvidoso.

 

“Numa enciclopédia impressa, um artigo extenso sobre um assunto vai diminuir o conteúdo de outro. A abordagem precisa ser bem selecionada. Como não é feita de papel, a Wikipédia tem espaço para tudo”

 

  • É sabido que diversos políticos americanos já editaram a própria biografia na Wikipédia. Qual é o impacto da enciclopédia na política em geral?

 

Certamente há um impacto, embora seja difícil mensurá-lo. Acredito que a maioria das pessoas faz suas escolhas políticas com base em informações escassas e duvidosas, como as propagandas mais apelativas à emoção do eleitor. Em geral, espero que a enciclopédia ajude as pessoas a tomar decisões a partir de informações concretas, e não a partir da melhor piada no debate na televisão. Isso é importante em todas as esferas de governo, não só nas eleições presidenciais. Esse é o sonho, pelo menos.

 

  • Muitas iniciativas na internet adotam o princípio da Wikipédia de construção colaborativa. Há limites para o modelo Wiki?

 

A capacidade de estimular a criação coletiva é uma das características mais fascinantes da internet. Em vez de apenas inserirem informações aleatórias, as comunidades estão se unindo para construir em conjunto algo de melhor qualidade. Estamos só no começo desse processo. No futuro, muitas inovações vão surgir dessa forma. Os vídeos de hoje se parecem com os textos da década passada. Se você entrar no YouTube, verá que os víedos são, na maioria, produções modestas, feitas por uma única pessoa. Há poucos projetos em larga escala. Curiosamente, a literatura de ficção é um campo de cultura no qual a construção colaborativa ainda é muito tímida. Ao que parece, esse é um processo criativo individual, e não colaborativo.

 

  • Há dois anos, você criou o Wikia, um buscador para concorrer com o Google. A empresa faliu. O Google é imbatível?

 

Eu não temo o Google. Na verdade, sou um admirador do trabalho deles. O mercado de buscas on-line, do qual o Google é líder, não possui aquilo que os economistas chamam de externalidades de rede. Em outras palavras, eu posso passar a usar outro buscador sem me preocupar se os meus amigos farão o mesmo. É diferente da maneira como a Microsoft conseguiu o domínio do mercado. Por muitos anos, o fato de todos os meus colegas estarem usando o Microsoft Windows tornava difícil a migração para softwares de outras empresas por causa da falta de compatibilidade dos sistemas. As redes sociais, como o Facebook, são outro exemplo. Não há sentido em mudar para outro site se nenhum dos meus amigos vai estar lá.  No caso do Google, isso não acontece. Há muito espaço para pesquisas e inovações no desenvolvimento de buscadores que podem minar a liderança da empresa. Obviamente, o Google faz um ótimo trabalho e, por isso, não é fácil desafiá-lo.

 

  • Você é um ávido leitor da escritora russo-americana Ayn Rand, uma ferrenha defensora da liberdade econômica. O que torna sua obra tão atual em tempos de crise?

 

A maior lição a ser aprendida com Rand é que devemos pensar mais. É preciso ser cauteloso para não estabelecer políticas baseadas apenas em emoções de curto prazo. Devemos refletir sobre o tipo de sociedade que queremos e pensar muito sobre a maneira como pretendemos resolver nossos problemas.

 

  • Por que não há anúncios nas páginas da Wikipédia?

 

Pusemos esse assunto em pauta na comunidade de voluntários que faz a enciclopédia, e eles decidiram que não queria publicidade no site. Sempre procurei respeitar essas decisões. Em segundo lugar, acredito que as pessoas mudariam sua visão da Wikipédia caso colocássemos anúncios. Elas gostam do fato de sermos uma instituição sem fins lucrativos. Nosso objetivo não é conseguir o máximo de lucro com a enciclopédia, mas torná-la o mais precisa possível. Pelo menos por enquanto não temos planos de mudar o modelo de negócios da Wikipédia, que ainda é baseado em doações e algumas parcerias com empresas privadas.

22
mar
10

A leitura é tudo na vida da pequena Mariana

Matéria publicada no jornal A Tarde, no Caderno A Tardinha, no dia 28 de novembro de 2009.

 

A leitura é tudo na vida da pequena Mariana

 

Mariana Pina, 11, lança seu primeiro livro, “O Boné Assombrado”, e conta como é ser escritora mirim.

 

Nina Neves

 

Já imaginou lançar seu próprio livro? Mariana Pina, 11, pensou e fez. A estudante sempre amou ler, e, por isso, criou os seus personagens e os colocou na história que acaba de escrever.

“O Boné Assombrado” é um suspense que conta a história de Peter, garoto de 12 anos. Ele leva uma vida normal em Boston, Estados Unidos, até o dia em que ganha um boné e coisas estranhas começam a acontecer. Peter tem que buscar soluções, vivendo várias aventuras com seus amigos e sua irmã, Keity.

Na semana passada, Mariana lançou o livro em sua escola, Vitória Régia. “Quase não deu para acreditar”, contou. Mas, quando fizer o lançamento na Saraiva Megastore, no dia 11 de dezembro, “é que vai cair a ficha”, disse.

 

Processo Criativo – A escritora escolheu não colocar ilustrações para que cada um imaginasse do seu jeito. Mariana se inspirou nos muitos livros que já leu para inventar suas histórias. Seus preferidos são a série “Crepúsculo”, de Stephenie Meyer, e os livros do autor Harlan Coben.

Mariana escreveu tudo em um mês, no caderno que não largava. Depois, ela e os pais digitaram e fizeram uma parceria com uma editora.

Agora, já está escrevendo uma nova história. Mas a menina avisa que não pretende ficar famosa, “Só espero ter mais interesse para continuar escrevendo”, afirma a jovem escritora.

 

“O Boné Assombrado”

Autora: Mariana Pina

Editora: Vento Leste

Páginas: 73

Preço: R$ 16,00




Melissa Rocha

Jornalista apaixonada por cachorros e literatura, principalmente o gênero infanto-juvenil. Torcedora (e sofredora) do Palmeiras e Bahia. Fã de Drew Barrymore, Dakota Fanning, Anthony Kiedis e Red Hot Chili Peppers, All Star e Havaianas.

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