Arquivo para 8 de junho de 2010

08
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Medos e perigos dos contos de fada são educativos

A literatura para crianças e adolescentes, de fato, surgiu no século XVII com o intuito das novas necessidades da população, de aproximar a família e de haver uma literatura específica para os mais jovens, inexistentes até aquela época. Apesar de as primeiras histórias terem sido adaptações de histórias feitas para os adultos, a criança deixou de receber o status de adulto em miniatura, o que foi muito bom. Pois as crianças tem suas próprias necessidades.

Mas sinceramente, essas discussões de se “A Branca de Neve”, “Chapeuzinho vermelho” e etc são obras racistas, que promovem o mau trato a animais, na época em que vivemos, que existem muitas outras coisas para serem discutidas, como a insegurança pública, a exploração das crianças e adolescentes, a falta de professores competentes e incentivo à educação, o abandono e evasão escolar, o sistema precário da saúde, etc, isso para mim é choramingo de quem está de barriga cheia.

Em relação a essas músicas de axé, me poupe! Detesto axé, simplesmente porque não curto esse ritmo de música. Mas gente, axé não foi feito para se analisar letra, axé fala besteira, axé degrada a mulher, bem como o funk carioca. Se todo cantor for se recusar a cantar essa ou aquela música de axé porque ofende esse ou aquele grupo em particular, não existiria o carnaval de Salvador. Quero deixar claro que não faço apologia a besteirol, mas fazer o que? Tem quem goste e temos que respeitar os gostos alheios. Cabe aos pais permitirem ou não que seus filhos pequenos escutem ou imitem a coreografia. Mas dizer que uma música incentiva a pedofilia já é apelação… Deixa o povo viver.

Medos e perigos dos contos de fada são educativos

Alvo de críticas e até de mudanças, histórias infantis clássicas têm papel importante na formação infantil

CLEIDIANA RAMOS

Duas crianças, depois de seqüestradas por uma velha, passam dias sob a apreensão de acabarem devoradas por ela em algum momento. Em outra situação, uma jovem tenta escapar das armadilhas mortais montadas por sua madrasta. Os dois enredos tratam-se, respectivamente, de João e Maria e Branca de Neve, histórias que crianças de várias gerações ouviram e leram e que, nos últimos tempos, sofrem ataques de quem as considera nocivas. Mas especialistas afirmam que elas têm função a cumprir no desenvolvimento infantil.

“Os contos de fada são projeções de medos e desejos. Têm a função de fazer a criança entender que a vida tem coisas ruins também”, destaca o antropólogo Roberto Albergaria.

Curioso é que, acredita-se, os chamados contos de fadas não foram propriamente feitos para crianças. Originalmente eram para adultos, mas passaram por modificações ao longo dos séculos até finalmente transformarem-se em histórias com cunho de ensinamento moral onde o bem, na maioria das vezes, triunfa sobre o mal.

Assim, a moça órfã, oprimida pela madrasta e irmãs cruéis, transforma-se em uma princesa com a intervenção de uma fada madrinha em Cinderela. Já Chapeuzinho Vermelho e a sua avó acabam salvas de um lobo sanguinário graças ao envolvimento de um caçador na história.

Chapeuzinho Vermelho, aliás, é um exemplo da história infantil que se tornou controversa. As interpretações para a narrativa vão desde maus-tratos a animais – o lobo acaba morto pelo caçador – até conotação sexual e pedófila.

Esta última característica virou polêmica no Carnaval deste ano por conta da música Lobo Mau, da banda Ò Back, que foi popularizada pela cantora Ivete Sangalo. O cantor Tatau, que participou de uma campanha contra a pedofilia teria se recusado a cantar a música. Carla Perez também não quis cantar. Dias depois Tatau negou que tivesse feito críticas à canção ou ao seu uso por Ivete Sangalo como havia sido veiculado.

Fantasia “Há uma cultura atual de super proteção em relação às crianças como se elas fossem super frágeis”, destaca Albergaria.

Para o psicólogo Helson Ramos, este tipo de comportamento não é adequado.

“Se o abandono faz mal, a super proteção também faz, pois a mensagem que pode ser passada para a criança é a de que ela não consegue interpretar a realidade em que vive”, analisa.

A especialista em psicologia infantil, Katia Queiroz, destaca que, por natureza, o universo da criança já é essencialmente mágico. “Ela sempre acha que há uma solução para todos os problemas. Isto também pode ser usado de forma positiva e educativa”, acrescenta a psicóloga.

Para o antropólogo Roberto Albergaria, este componente fantástico está ficando cada vez mais raro no mundo moderno.

“A sociedade atual está vivendo um momento de desencanto em relação à magia, embora ela volte em produtos como os livros de Harry Potter ou a saga do vampiro galã de Crepúsculo. Mas é um mundo que se quer muito racional, colocando o bem e o mal em espaços muito marcados e separados”, acrescenta Albergaria.

Um exemplo deste tipo de racionalismo para combater a fantasia está em um episódio ocorrido recentemente em Tóquio, no Japão. A encenação de Branca de Neve em uma escola primária não teve caçador ou madrasta, mas apenas a princesa por pressão de mães que não aceitaram ver suas filhas preteridas para o papel principal.

“Este é um exemplo do pensamento de que todos têm que ser iguais, sem diversidade, algo inexistente na fantasia”, diz Albergaria.

Fonte: Jornal A Tarde de 24 de maio de 2010

http://educacao.atarde.com.br/?p=2846




Melissa Rocha

Jornalista apaixonada por cachorros e literatura, principalmente o gênero infanto-juvenil. Torcedora (e sofredora) do Palmeiras e Bahia. Fã de Drew Barrymore, Dakota Fanning, Anthony Kiedis e Red Hot Chili Peppers, All Star e Havaianas.

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